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IMAGENS REFLETIDAS O CINEMA (synthèse en espagnol)

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Par   •  16 Novembre 2013  •  6 455 Mots (26 Pages)  •  715 Vues

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Cite este artigo: TRIANA, Bruna Nunes da Costa. Imagens refletidas: o cinema, o eu e o outro

na trilogia das cores de Krzysztof Kieślowski. Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos

de graduação em Ciências Sociais - IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p.54-67, dezembro.

2010. Semestral. Disponível em: www.habitus.ifcs.ufrj.br. Acesso em: 31 de dezembro de. 2010.

Resumo: Adotando o cinema como campo de pesquisa, passível de observação e interpretação,

o objetivo deste trabalho é analisar a especificidade da relação entre cinema e sociedade,

pensando os filmes como produtos culturais. A partir da abordagem antropológica, procuramos

analisar a experiência cinematográfica e perceber de que forma o cinema, e em particular os três

filmes da Trilogia das Cores de Krzysztof Kieślowski, narra e constrói a imagem do outro.

Palavras-Chave: Antropologia Visual; Cinema; Alteridade; Kieślowski; Trilogia das Cores.

s imagens em movimento, desde sua origem, em fins do século XIX, causaram

excitação e espanto. Das primeiras imagens de Lumière [1] aos filmes em tecnologia

3D, mais de um século se passou. Nessa longa trajetória de desenvolvimento histórico,

que acumulou aprimoramentos e invenções narrativas, estéticas e tecnológicas, como o cinema

filmou o outro? É esta a pergunta que nos move, evidentemente, numa dimensão modestamente

mais reduzida, visto que analisar as imagens do outro produzidas no decorrer de toda a história

do cinema não caberia no curto espaço de um artigo. Ademais, nossa intenção aqui, além de

tomar um ponto particular dessa história, é a de estudar um cinema bem específico, e um outro

de igual especificidade; ou seja, nosso objeto e nossa problemática constituem uma perspectiva e

uma interpretação do mundo e do outro bastante determinadas.

Dessa maneira, o ponto escolhido nessa longa história é a obra Trilogia das Cores, do

diretor polonês Krzysztof Kieślowski (1941-1996), produzida entre 1992 e 1994, na França e na

Polônia, no contexto do bicentenário da Revolução Francesa (1789), e, ainda, justamente

quando se assinava o Tratado de Maastricht – em 7 de fevereiro de 1992 –, que instituia a hoje

já consolidada União Européia (U.E.). A Trilogia das Cores é composta pelos filmes Bleu

(França, 1993), Blanc (Polônia, 1994) e Rouge (França, 1994). Os filmes em questão são, além

da tentativa de elaborar uma leitura crítica da Europa, uma proposta para refletir sobre a

alteridade no contexto de crise do Estado-nação e de espetacularização das relações sociais. Isso

confirma nossa proposição inicial de que a Trilogia faz parte de um cinema específico,

porquanto entendemos que ela integra um cinema contemporâneo que “enfatiza as

descontinuidades no interior do nosso presente, as fissuras do Estado-nação, do mundo

globalizado, do humanismo universalista, das classes sociais, das identidades, das culturas”

(FRANÇA, 2005: 36).

www.habitus.ifcs.ufrj.br 54

Revista Habitus – IFCS/UFRJ Vol. 8 – Nº 2 – Ano 2010

Ao mesmo tempo em que tais filmes acusam, do ponto de vista de um “não-europeu”

[2], os obstáculos do encontro, tão historicamente tenso, entre “the West and the rest” (para

utilizar a famosa expressão de Marshall Sahlins), eles buscam uma abordagem distinta da

alteridade para os dias atuais. Como a Trilogia consegue, então, criar formas de visibilidade

para o lugar do outro no mundo globalizado? A fim de responder essa questão, temos o intuito

de problematizar categorias antropológicas básicas, como etnocentrismo, diferença e alteridade,

sobretudo a partir das referências suscitadas pelas imagens acerca da tentativa de constituição

de um “bom encontro” [3] na contemporaneidade, na qual impera, nas relações sociais, uma

radical assimetria entre o nós e os outros.

Como define o antropólogo francês Marc Augé (1998: 9-10), a Antropologia é quem se

preocupa com o lugar do outro no conhecimento, quem problematiza, de fato, as questões

centrais de identidade e de alteridade. A “questão da alteridade aqui é central; ela sempre o foi

para a antropologia, mas deixa-se desdobrar mais claramente hoje: o antropólogo deve,

efetivamente, identificar outros (aqueles que ele estuda) e questionar-se sobre a relação deles

com a alteridade [...]” (AUGÉ, 1998: 18).

É justamente a preocupação da Antropologia com o outro, com a alteridade, que nos

incentivou a abordar o cinema como campo desta pesquisa. A arte, como atenta Geertz (1997), é

um elemento essencial da vida social, ela denota e divulga modos de se pensar a vida. Os

sentimentos que um povo tem pela vida surgem e são transmitidos, expressados, na moral, no

direito, na ciência e, também, na arte. Dessa forma, a expressão artística deve ser entendida

como um sistema cultural, assim como a religião, o parentesco e as leis morais, que igualmente

revelam

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